sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O robô não pegou uma simples “carona” no cometa

Laércio Lins

"O maior problema do sucesso é que ele faz parecer que a missão foi fácil. Porém, sabemos que só com muito trabalho, dedicação e profissionais excelentes de diversos países conseguimos chegar aqui. O sucesso não vem do céu, vem do trabalho duro. Somos os primeiros a fazer isso e ficaremos na história para sempre".

Esta frase foi citada pelo Diretor-Geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Jean-Jacques Dordain, em Darmstadt, Alemanha, em seu discurso de agradecimento a sua equipe pelo sucesso da missão iniciada em 2004 e coroada em 12/11/2014 com o pouso do robô Philae na superfície do cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko, há aproximadamente 500 milhões de quilômetros de distância da Terra.

O evento certamente mudará e trará aprimoramento a muitos conceitos da ciência sobre a origem do universo, nos trará muitas respostas e a humanidade será enriquecida com mais conhecimento sobre a própria origem.
Eu observo que os grandes acontecimentos têm sempre pontos em comum, persistência, continuidade, entusiasmo, um plano e a certeza de está no caminho certo. Foi assim com Albert Einstein, quando estudou a relatividade por mais de uma década, entre 1902 e 1915. Também foi assim com Thomas Edison, quando insistiu em dez mil tentativas até encontrar uma solução para consolidar seu invento mais importante, a lâmpada.

O “Não desistir” é a certeza de que existe um ponto de chegada, um ponto de mudança onde o resultado se concretiza. Muitas vezes, depois de muitas lutas e muitos investimentos desistimos de projetos e sonhos por não acreditar ser possível a realização. Durante toda caminhada há portas a convidar para atalhos que podem nos tirar da trilha em direção a nossos objetivos. Quando penso em um acontecimento tão grandioso como a invenção de uma lâmpada, a descoberta da velocidade da luz ou um robô pousar em um cometa, confirmo minha certeza de que apesar de todo mal, corrupções e desgovernos, criações grandiosas são possíveis, muitas vezes, apenas a partir de uma simples palavra, para tanto, só é necessário que haja uma Missão declarada e um plano.

A grande lição guardada na frase do Diretor-Geral da (ESA) é que o sucesso deve ser compartilhado. “O maior problema do sucesso é que ele faz parecer que a missão foi fácil”. A realidade é que parecer ter sido fácil se deve à participação de pessoas entusiasmadas, que muitas vezes, transformam dor e medo em estímulos para a motivação. A caminhada parece fácil quando é feita em companhia de uma boa equipe, ou de um bom sócio, ou de um bom parceiro ou parceira na vida pessoal.

Seja qual for o evento ou obra, mesmo que seja realizada individualmente, como no caso de grandes inventores, se faz necessário os apoios e relações trazendo junto o conceito de equipe, mesmo que de forma indireta. A cada evento me certifico de que sozinho nada se constrói. O mundo está mais consciente das adversidades humanas, ambientais e da multidisciplinaridade que une a arte, a ciência, a filosofia e a espiritualidade. As grandes obras são frutos da percepção de alguns, sobre as necessidades coletivas, pessoas que se dedicam, não desistem e fazem diferença, se não para a humanidade, mas, para a vida de pessoas que estão ao lado, na mesma casa, na mesma rua, na mesma cidade ou na mesa ao lado no escritório. Mesmo que haja pessoas, governos e grupos, criando artimanhas para levar vantagem e legislando em causa própria, existe algo muito maior, uma Força maior que atua na regência do universo, uma Força que alinha e equilibra tudo em uma dimensão própria do tempo, algo parecido com a relação entre uma tempestade e um grão de areia no deserto, como uma dança onde tudo gira, os corpos se sincronizam com a música, com o teto e com o chão. Tudo faz parte de tudo, grandes e pequenos eventos se relacionam, assim nos comprovou Albert Einstein com a Teoria da relatividade. Tudo fica mais claro, assim nos revelou Thomas Edison com sua lâmpada.

A comunicação mudou, ficou mais rápida e passou a morar nas frases curtas dos aplicativos, isso também faz parte da mesma ordem, aparentemente uma novidade, no entanto, não há diferença entre as mensagens dos aparelhos celulares e os sinais de fumaça emitidos pelos indígenas. Todos somos parte de um grande sistema, tudo que vemos ou sentimos tem um valor natural e precisa ser cuidado. As relações de trabalho e de negócios têm sido regulamentadas, as pessoas têm procurado o politicamente correto e há no ar uma seleção natural. Apesar de todos os contextos negativos, sempre surge grandes e novas descobertas que renovam a esperança por um mundo melhor. Acredito que a humanidade está em plena evolução.

“O homem que se banha no rio jamais será o mesmo”. (Heráclito 500 a. C.) “Nada do que foi, será do jeito que já foi um dia”, (trecho de uma música de Lulu Santos 2500 anos depois). Tudo se repete como as ondas do mar. O robô não pegou uma simples “carona” no cometa, essa viagem teve início há muito tempo e ainda vai muito mais distante.

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terça-feira, 4 de novembro de 2014