Laércio Lins
"O maior problema do sucesso é
que ele faz parecer que a missão foi fácil. Porém, sabemos que só com muito
trabalho, dedicação e profissionais excelentes de diversos países conseguimos
chegar aqui. O sucesso não vem do céu, vem do trabalho duro. Somos os primeiros
a fazer isso e ficaremos na história para sempre".
Esta frase foi citada pelo
Diretor-Geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Jean-Jacques Dordain, em
Darmstadt, Alemanha, em seu discurso de agradecimento a sua equipe pelo sucesso
da missão iniciada em 2004 e coroada em 12/11/2014 com o pouso do robô Philae
na superfície do cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko, há aproximadamente 500
milhões de quilômetros de distância da Terra.
O evento certamente mudará e trará
aprimoramento a muitos conceitos da ciência sobre a origem do universo, nos
trará muitas respostas e a humanidade será enriquecida com mais conhecimento
sobre a própria origem.
Eu observo que os grandes
acontecimentos têm sempre pontos em comum, persistência, continuidade,
entusiasmo, um plano e a certeza de está no caminho certo. Foi assim com Albert
Einstein, quando estudou a relatividade por mais de uma década, entre 1902 e
1915. Também foi assim com Thomas Edison, quando insistiu em dez mil tentativas
até encontrar uma solução para consolidar seu invento mais importante, a
lâmpada.
O “Não desistir” é a certeza de que
existe um ponto de chegada, um ponto de mudança onde o resultado se concretiza.
Muitas vezes, depois de muitas lutas e muitos investimentos desistimos de
projetos e sonhos por não acreditar ser possível a realização. Durante toda
caminhada há portas a convidar para atalhos que podem nos tirar da trilha em
direção a nossos objetivos. Quando penso em um acontecimento tão grandioso como
a invenção de uma lâmpada, a descoberta da velocidade da luz ou um robô pousar
em um cometa, confirmo minha certeza de que apesar de todo mal, corrupções e
desgovernos, criações grandiosas são possíveis, muitas vezes, apenas a partir
de uma simples palavra, para tanto, só é necessário que haja uma Missão declarada
e um plano.
A grande lição guardada na frase do
Diretor-Geral da (ESA) é que o sucesso deve ser compartilhado. “O maior
problema do sucesso é que ele faz parecer que a missão foi fácil”. A realidade
é que parecer ter sido fácil se deve à participação de pessoas entusiasmadas,
que muitas vezes, transformam dor e medo em estímulos para a motivação. A caminhada parece fácil quando é
feita em companhia de uma boa equipe, ou de um bom sócio, ou de um bom parceiro
ou parceira na vida pessoal.
Seja
qual for o evento ou obra, mesmo que seja realizada individualmente, como no
caso de grandes inventores, se faz necessário os apoios e relações trazendo
junto o conceito de equipe, mesmo que de forma indireta. A cada
evento me certifico de que sozinho nada se constrói. O mundo está
mais consciente das adversidades humanas, ambientais e da multidisciplinaridade
que une a arte, a ciência, a filosofia e a espiritualidade. As grandes obras
são frutos da percepção de alguns, sobre as necessidades coletivas, pessoas que
se dedicam, não desistem e fazem diferença, se não para a humanidade, mas, para
a vida de pessoas que estão ao lado, na mesma casa, na mesma rua, na mesma cidade
ou na mesa ao lado no escritório. Mesmo que haja pessoas, governos e grupos, criando
artimanhas para levar vantagem e legislando em causa própria, existe algo muito
maior, uma Força maior que atua na regência do universo, uma Força que alinha e
equilibra tudo em uma dimensão própria do tempo, algo parecido com a relação
entre uma tempestade e um grão de areia no deserto, como uma dança onde tudo
gira, os corpos se sincronizam com a música, com o teto e com o chão. Tudo faz
parte de tudo, grandes e pequenos eventos se relacionam, assim nos comprovou
Albert Einstein com a Teoria da relatividade. Tudo fica mais claro, assim nos revelou
Thomas Edison com sua lâmpada.
A comunicação mudou, ficou mais rápida
e passou a morar nas frases curtas dos aplicativos, isso também faz parte da
mesma ordem, aparentemente uma novidade, no entanto, não há diferença entre as
mensagens dos aparelhos celulares e os sinais de fumaça emitidos pelos
indígenas. Todos somos parte de um grande sistema, tudo que vemos ou sentimos
tem um valor natural e precisa ser cuidado. As relações de trabalho e de
negócios têm sido regulamentadas, as pessoas têm procurado o politicamente
correto e há no ar uma seleção natural. Apesar de todos os contextos negativos,
sempre surge grandes e novas descobertas que renovam a esperança por um mundo
melhor. Acredito que a humanidade está em plena evolução.
“O homem que se banha
no rio jamais será o mesmo”. (Heráclito 500 a. C.) “Nada do que foi, será do
jeito que já foi um dia”, (trecho de uma música de Lulu Santos 2500 anos depois).
Tudo se repete como as ondas do mar. O robô não pegou uma simples “carona” no
cometa, essa viagem teve início há muito tempo e ainda vai muito mais distante.
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