domingo, 26 de julho de 2015

Navegar ou Naufragar

Laércio Lins (*)


Ainda vai levar um tempo para as ferramentas virtuais disponibilizadas na internet serem UTILIZADAS e não apenas usadas. “Navegar” deveria ser para algum lugar, com um objetivo. Tenho ouvido pessoas falarem que estão sem tempo para isso ou aquilo e ao mesmo tempo gastam horas a fio nas redes sociais com a sensação de que estão fazendo network, em muitas situações o uso da internet tem sido equivocado e contraditório.

Há pouco tempo, a internet nos trouxe recursos e agilidades até então inimagináveis. Houve transformações em todos os lugares e segmentos do planeta, as distâncias foram encurtadas pelas informações em tempo real e isso deveria ter ampliado a disponibilidade do tempo das pessoas. Na realidade não é isso o que vemos, é mais comum encontrarmos pessoas correndo desesperadas para conseguir realizar o dia a dia.   

Entre outros temas de administração tenho visto um interesse muito grande sobre a gestão do tempo e tenho observado que um dos maiores causadores da falta de tempo é a falta de objetivo, ainda não é comum encontrar pessoas com um projeto de vida ou com um plano pessoal definido. Sem foco e sem metas as pessoas se frustram. O universo virtual e o real se completam, não há diferença entre entrar em uma biblioteca ou na internet para pesquisar. Se não houver objetivo a sensação de desperdício de tempo é a mesma, quem aproveita os recursos da internet, seja por motivos profissionais ou de laser, navega. Quem passeia de site em site sem objetivo, perde tempo e naufraga.  

O desenvolvimento da tecnologia e os efeitos causados pela utilização da internet não devem ser tratados isoladamente, tudo faz parte de um contexto único, cujo motivo é a otimização de recursos econômicos, humanos e sociais. As ferramentas de internet são apenas alguns das inúmeras interferências, que podem facilitar ou expor objetivos à ações desfocadas. Atualmente a cultura é diferente da cultura de vinte ou trinta anos atrás, tudo é relacionado com velocidade e agilidade, isso tem interferido na linguagem, na comunicação, no comportamento e nas relações das pessoas e das empresas.

Não adianta insistir em velhos chavões sem questionar se cabem no novo momento da humanidade. “Cultura leva tempo para ser mudada.” Será que ainda é assim? Quase tudo de que dispomos hoje para viver foram concebidos, desenvolvidos ou difundidos a partir de 1900, televisão, avião, plástico, alimentos enlatados, conservantes, energia elétrica, computadores e outro materiais e produtos. Junto com estas novidades surgiram novas doenças, novos remédios e novos comportamentos. Houve mais mudanças culturais nos últimos cem anos que em toda história da humanidade. Gestão do tempo, processos organizacionais, qualidade total, respeito às divergências e diferenças sociais e de gêneros, sustentabilidade ambiental, direitos e deveres nas relações de consumo e de trabalho são alguns dos temas que têm reeditado novos conceitos em um universo multidisciplinar. Já somos sete bilhões e meio de habitantes no planeta, em 1900 a população mundial era de um Bilhão, seiscentos e cinquenta milhões de habitantes (Dados da ONU). Esses números nos mostram um crescimento populacional de mais de quatro vezes em pouco mais de um século, o que significa que a cada dia precisaremos, devido a escassez de recursos, aprender a compartilhar e que temos urgência em aprender a lidar racionalmente com a agilidade e os recursos do universo virtual.


É preciso perceber que a ciência, a arte e a filosofia estão se aproximando e dando forma a um mundo multidisciplinar, onde o real, o virtual, a razão e a emoção são partes do mesmo cenário. O tempo e as ferramentas estão disponíveis, a tecnologia e a internet são aliadas de quem sabe o que quer e onde quer chegar, assim como, são  inimigas  de quem  não  tem destino planejado. O diferencial não está na quantidade das tecnologias disponíveis, está na forma como são aplicadas e isso depende das pessoas.


(*)Laércio Lins é palestrante e consultor organizacional
www.laerciolins.blogspot.com.br


Respeite os direitos autorais. 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Palestras de Laércio Lins



Decida. Tome uma atitude.

Por: Laércio Lins.


“Em caso de dúvida, decida, o máximo que pode acontecer é errar e ter que corrigir”. Quando eu era criança, ouvi meu pai dizer esta frase, ele não era um homem de cultura acadêmica, no entanto, detinha o conhecimento adquirido pela experiência de vida de alguém que aprendeu a observar para se orientar. 

A indecisão se manifesta nas cenas mais simples do dia e também em momentos importantes podendo desperdiçar oportunidades. Temos uma tendência a esperar que as coisas aconteçam de acordo com nossos modelos mentais e muitas vezes esquecemos as possibilidades e alternativas, este comportamento resulta em perda de energia e de tempo.

As dúvidas e as indecisões acontecem por insegurança diante de qualquer escolha, aparecem em momentos e situações que muitas vezes passam despercebidas, na fila do cinema pra escolher que filme assistir ou na mesa do restaurante diante da variedade do cardápio. Muitas mulheres encontram dúvida na hora de escolher uma roupa para ir a uma festa, se a roupa combina com o sapato, com a bolsa ou com a maquiagem.

Dúvidas se alimentam da quantidade de variáveis que surgem, vivemos procurando soluções complexas, quando deveríamos procurar soluções simples. Para muitas pessoas é muito difícil decidir, isso por que, na maioria das vezes escolhem uma linha complexo de raciocínio onde são valorizados os obstáculos. Isso acontece também com a comunicação, há pessoas que acham que falar bem é falar complicado e que isso é sinal de cultura e conhecimento, isso acaba gerando um efeito contrário, quanto mais complicado é a forma como alguém se expressa, menos se faz entender. Os maiores comunicadores e os maiores líderes são aqueles que se fazem entender para todos os níveis culturais ou sociais. Líderes e comunicadores também trazem na bagagem, a simplicidade e eficácia da expressão como uma das características mais fortes. Há horas que é necessário decidir sem tempo para consultar, para decidir é preciso simplicidade e praticidade para ir ao ponto que realmente importa.

Um pintor começa o quadro pelas cores básicas, um físico começa o desenvolvimento de uma teoria complexa utilizando conceitos simples da natureza, harmonias complexas produzidas por gênios da música nascem do agrupamento de notas básicas. A decisão é assim também, é um exercício que tem como base a escolha a partir de deduções simples. Para decidir é preciso aprender a escolher e para escolher é preciso reduzir o número de variáveis, focar no objetivo, considerar a relação custo/benefício e simplificar. Dessa forma a decisão surge naturalmente. Quem sabe decidir atrai seguidores, esta é outra característica importante dos líderes, atraem seguidores para o caminho que leva a realização de objetivos.

Muitas vezes nos deparamos com pessoas que nos dá a impressão que precisariam de duas ou três vidas para realizar algo, essas pessoas normalmente têm hábito de começar frases com “Não sei se faça isso ou aquilo”, “acho que”, “Eu queria”, “Se eu pudesse”. Pessoas com esse perfil passam imagem, às vezes irreal, de que vivem em estado de dúvida e de indecisão, que não querem assumir responsabilidades e isso pode ser negativo na vida profissional e pessoal. Diante de uma oportunidade de promoção nas empresas, são escolhidas as pessoas que se comunicam com mais facilidade e que se apresentam mais ativos e disponíveis durante situações diversas, que agem com simplicidade e objetividade. A ação dá sentido ao discurso.

Dúvida e insegurança na mesma cena é matéria prima suficiente para se produzir coisa nenhuma e chegar a lugar nenhum. Não podemos negar que vivemos em um mundo competitivo e que a todo instante surge novidades e variáveis para nos desviar a atenção. Simplifique, decida, tome uma atitude.

Dias atrás uma aluna me procurou e me pediu que a ajudasse em uma decisão. Ela havia concluído o primeiro semestre do curso de Administração de Empresas e estava em dúvida se deveria continuar ou mudar para o curso de comunicação. O motivo da urgência para decidir era o fato de está no início do curso e aproveitar duas disciplinas que acabara de cursar, o que reduziria a “perda”. Lembrei a ela que em nossa primeira aula da disciplina de administração de relacionamento com o cliente, pedi para os alunos se apresentarem dizendo o motivo que os tinha levado a escolher cursar Administração de Empresas e que ela havia falado que tinha um sonho de abrir uma loja de vestuário feminino e queria aprender a administrar um negócio, já que tinha uma habilidade natural para vender. O que me fez lembrar deste relato foi que, na ocasião ela falou “Eu sou capaz de vender qualquer coisa, gosto de vender”. Perguntei o que havia acontecido com o sonho da loja. Ela fez uma pausa e respondeu que não mudaria de curso, o sonho da loja ainda existia. Falei para ela que a dúvida sobre a mudança de curso poderia ser pela necessidade da boa comunicação, por ser esta uma das ferramentas mais importantes em vendas e que ela deveria continuar pensando sobre isso.

Decisões escolhas e dúvidas são componentes naturais do universo humano, em qualquer profissão e na vida pessoal sempre estarão presentes. É importante que não se perca o foco e que os objetivos sejam sempre claros e revistos com base em um plano simples, mas, que considere as principais variáveis, suas causas e seus impactos nos negócios ou na vida.


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domingo, 12 de julho de 2015

Diferente sim, divergente não.

Laércio Lins

Escutamos chavões do tipo: “Fazer a diferença”, como se isto fosse uma coisa sobrenatural, como se para ter sucesso em determinada atividade fosse necessário andar equilibrado em um arame, numa bicicleta de uma só roda ou com um bastão no queixo equilibrando um prato girando. Se pararmos para pensar, veremos que para “fazer a diferença” cada um de nós só precisa ser quem é, todos nós somos únicos.

A autenticidade nas atitudes é uma grande qualidade, é uma característica importante em quaisquer situações. Sabemos como é agradável lidar com pessoas cujo bom senso é uma característica natural. Nas empresas, assim como no plano pessoal, indivíduos que utilizam regras claras e simples são a própria diferença, proporcionam um clima de confiança e possibilidades nas relações interpessoais e de negócios. Pessoas com características assim, permitem maior fluidez de ideias e ações, o que abre caminhos para resultados positivos.

Quando tratamos do comportamento de equipes, podemos comparar um grupo de trabalho com um time de futebol. Em um time de futebol os jogadores têm características diferentes, cada posição tem suas particularidades de atuação e importância. O que faz um time vencedor é a harmonia entre os diferentes talentos e habilidades dos jogadores. Não necessariamente um time ou equipe depende só de craques para ser vencedor, se assim o fosse, os times que têm melhor poder econômico e em seus elencos os melhores jogadores seriam sempre campeões. Em uma equipe, assim como em um time, é de grande importância o posicionamento de cada componente para que suas habilidades tenham o melhor aproveitamento. Vamos imaginar Pelé, Ronaldo ou Neymar posicionados na defesa de um time ou mesmo como goleiros, seria um desperdício. Para que uma equipe ou time tenha sucesso, é indispensável que seus componentes estejam estrategicamente posicionados de acordo com seus talentos mais evidentes, empenhados e que se completem, contribuindo assim, com suas melhores aptidões em direção ao objetivo.

“Fazer diferença” consiste em ser autêntico, comprometido e conscientes das melhores áreas de atuação e aptidões, é estar em sintonia e convergência com os próprios conceitos e com os conceitos da organização. No trabalho em equipe não há espaço para individualismo ou vaidade, se cada um contribuir com sua melhor característica, de maneira positiva e otimista, os resultados e as conquistas do grupo surgirão naturalmente. Esse conceito serve também para o plano pessoal, ser diferente é ser intenso, permanecer inteiro diante de um projeto ou situação, ser diferente é não perder o foco. Muitas pessoas detém excelentes ideias e nenhuma capacidade de realização, perdem o foco com facilidade.

Exercer diferenças com autenticidade e atitudes atrai seguidores, em um sistema organizacional cada um tem um papel em direção ao mesmo objetivo. Diferença não é sinônimo de divergência ou contrário. A convergência entre os membros de uma equipe ou time leva às metas e objetivos. Assim como a terceira lei de Newton na física, uma questão de ação e reação, se o esforço for orientado e dirigido corretamente, o resultado positivo, no final, certamente virá.


Respeite os direitos autorais.

Gestão do tempo


sábado, 11 de julho de 2015

Pés para os caminhos, asas para os horizontes

Laércio Lins

Gosto de quem solta a poesia amordaçada e se encanta nas entrelinhas dos versos. A poesia precisa de liberdade para dar asas ao sonho. Gosto de pés, não importa a direção que apontam, eles sempre apontam caminhos em direção à chegada. Os passos enfrentam a solidão da estrada, os pés não “olham” para trás, se encantam com a novidade dos próximos passos. A estrada já trilhada deve trazer apenas as boas lembranças enquanto os pés nos levam a momentos melhores, a outros traços e desenhos que traduzam sentimentos claros, sentimentos de sol ou de lua.

Pés, passos e caminhos compondo um verso novo, que revele outros sonhos para serem sonhados, por que sem sonho nada existe, o sonho despe a alma para ser vestida com realidade. A cadência das pulsações do coração revela o ritmo da poesia que é a vida de cada um de nós, as batidas no peito se alteram com o sorriso e com os passos em direção ao abraço, passos da vida que há em todas as trilhas, alma dos pés que pisam com firmeza e motivo, direção de quem sabe aonde vai.

O sol e a brisa no rosto de quem, quando cansa, senta, descansa, levanta e continua. O olhar de quem não desiste, de quem insiste, persiste e segue os pés que apontam para o horizonte cheio de amanhecer, cheio de futuro e descobertas, cheio de esperança.
Pés para todos os passos, passos para todos os caminhos em direção a todos os encontros e encantos. Poesias para todos os sentimentos, para todas as palavras, ou mesmo, para todo silêncio.

Portas e caminhos que acordam cedo a amanhecer e recomeçar. Voos para todos os pássaros, asas para todos os ventos. Um brinde para quem degusta a vida como se fosse vinho, por que apesar do fogo que queima, a Fênix renasce no ninho.

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