Por: Laércio Lins.
“Em caso de dúvida, decida, o máximo que pode acontecer é
errar e ter que corrigir”. Quando eu era criança, ouvi meu pai dizer esta
frase, ele não era um homem de cultura acadêmica, no entanto, detinha o
conhecimento adquirido pela experiência de vida de alguém que aprendeu a
observar para se orientar.
A indecisão se manifesta nas cenas mais simples do dia e
também em momentos importantes podendo desperdiçar oportunidades. Temos uma
tendência a esperar que as coisas aconteçam de acordo com nossos modelos
mentais e muitas vezes esquecemos as possibilidades e alternativas, este
comportamento resulta em perda de energia e de tempo.
As dúvidas e as indecisões acontecem por insegurança
diante de qualquer escolha, aparecem em momentos e situações que muitas vezes
passam despercebidas, na fila do cinema pra escolher que filme assistir ou na mesa
do restaurante diante da variedade do cardápio. Muitas mulheres encontram
dúvida na hora de escolher uma roupa para ir a uma festa, se a roupa combina
com o sapato, com a bolsa ou com a maquiagem.
Dúvidas se alimentam da quantidade de variáveis que surgem,
vivemos procurando soluções complexas, quando deveríamos procurar soluções
simples. Para muitas pessoas é muito difícil decidir, isso por que, na maioria
das vezes escolhem uma linha complexo de raciocínio onde são valorizados os
obstáculos. Isso acontece também com a comunicação, há pessoas que acham que
falar bem é falar complicado e que isso é sinal de cultura e conhecimento, isso
acaba gerando um efeito contrário, quanto mais complicado é a forma como alguém
se expressa, menos se faz entender. Os maiores comunicadores e os maiores
líderes são aqueles que se fazem entender para todos os níveis culturais ou
sociais. Líderes e comunicadores também trazem na bagagem, a simplicidade e
eficácia da expressão como uma das características mais fortes. Há horas que é
necessário decidir sem tempo para consultar, para decidir é preciso simplicidade
e praticidade para ir ao ponto que realmente importa.
Um pintor começa o quadro pelas cores básicas, um físico
começa o desenvolvimento de uma teoria complexa utilizando conceitos simples da
natureza, harmonias complexas produzidas por gênios da música nascem do
agrupamento de notas básicas. A decisão é assim também, é um exercício que tem
como base a escolha a partir de deduções simples. Para decidir é preciso aprender
a escolher e para escolher é preciso reduzir o número de variáveis, focar no objetivo,
considerar a relação custo/benefício e simplificar. Dessa forma a decisão surge
naturalmente. Quem sabe decidir atrai seguidores, esta é outra característica
importante dos líderes, atraem seguidores para o caminho que leva a realização
de objetivos.
Muitas vezes nos deparamos com pessoas que nos dá a
impressão que precisariam de duas ou três vidas para realizar algo, essas
pessoas normalmente têm hábito de começar frases com “Não sei se faça isso ou
aquilo”, “acho que”, “Eu queria”, “Se eu pudesse”. Pessoas com esse perfil
passam imagem, às vezes irreal, de que vivem em estado de dúvida e de
indecisão, que não querem assumir responsabilidades e isso pode ser negativo na
vida profissional e pessoal. Diante de uma oportunidade de promoção nas
empresas, são escolhidas as pessoas que se comunicam com mais facilidade e que
se apresentam mais ativos e disponíveis durante situações diversas, que agem
com simplicidade e objetividade. A ação dá sentido ao discurso.
Dúvida e insegurança na mesma cena é matéria prima
suficiente para se produzir coisa nenhuma e chegar a lugar nenhum. Não podemos
negar que vivemos em um mundo competitivo e que a todo instante surge novidades
e variáveis para nos desviar a atenção. Simplifique, decida, tome uma atitude.
Dias atrás uma aluna me procurou e me pediu que a
ajudasse em uma decisão. Ela havia concluído o primeiro semestre do curso de
Administração de Empresas e estava em dúvida se deveria continuar ou mudar para
o curso de comunicação. O motivo da urgência para decidir era o fato de está no
início do curso e aproveitar duas disciplinas que acabara de cursar, o que
reduziria a “perda”. Lembrei a ela que em nossa primeira aula da disciplina de
administração de relacionamento com o cliente, pedi para os alunos se
apresentarem dizendo o motivo que os tinha levado a escolher cursar
Administração de Empresas e que ela havia falado que tinha um sonho de abrir
uma loja de vestuário feminino e queria aprender a administrar um negócio, já
que tinha uma habilidade natural para vender. O que me fez lembrar deste relato
foi que, na ocasião ela falou “Eu sou capaz de vender qualquer coisa, gosto de
vender”. Perguntei o que havia acontecido com o sonho da loja. Ela fez uma
pausa e respondeu que não mudaria de curso, o sonho da loja ainda existia.
Falei para ela que a dúvida sobre a mudança de curso poderia ser pela
necessidade da boa comunicação, por ser esta uma das ferramentas mais
importantes em vendas e que ela deveria continuar pensando sobre isso.
www.laerciolins.blogspot.com
Instagram: @laercio.lins
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